Hospedagem no Marrocos

Hospedagem no Marrocos: Não são hostels, são riads.

Fui para o Marrocos com dois amigos esse ano. Pela primeira vez, depois de muito tempo viajando sozinha, relaxei e deixei nas mãos de outras pessoas coisas importantes como a hospedagem, por exemplo.

Eu amo planejar cada detalhe de uma viagem, mas confesso que, às vezes, se torna cansativo porque sou o tipo de pessoa que lê todas as reviews de todos os hostels até chegar a uma conclusão e sempre fico na agonia dúvida pelo menos por uma semana antes de fechar.


A MEDINA

Na verdade, não pesquisei muito sobre o Marrocos antes de ir porque queria ser pega de surpresa. As únicas coisas que eu sabia que precisava fazer era ir ao deserto e entrar numa medina. E é aí que começava a surpresa: a tal da medina.

Para quem não sabe, Medina (substantivo próprio) é uma cidade da Arábia Saudita. E, para quem não se lembra, medina (substantivo comum) também era por onde a Jade andava toda serelepe na novela O Clone. Não se localizou ainda? Vou explicar.

Medina é todo aglomerado urbano que fica dentro de muralhas. São as “cidades árabes antigas”, já que com o passar dos anos, as cidades se expandem e o que é construído para fora, chama-se Cidade Nova. Conseguiu visualizar? Não. Então, olha só:

Sentiu o drama?

Para quem nasceu no Rio de Janeiro, uma medina se assemelha muito às favelas, por causa dos milhares de becos e falta de sinalização. Para piorar, não há transporte público e nem carros passando por dentro. Ou seja, por mais que você tenha pego um táxi no aeroporto, o máximo que o motorista pode fazer por você é te deixar em uma das entradas e o resto você percorre a pé – e sozinho. BEM-VINDO AO MARROCOS!

No nosso caso, a descrição do tour de três dias que fechamos para o deserto dizia incluir transporte do aeroporto até o albergue. Só não sabíamos que seríamos largados na escuridão da madrugada de Marrakech no melhor estilo marroquino “vire-se”. Sim, esse perrengue é digno de outro post.

OS RIADS

Como sairíamos na manhã seguinte para o tour, só reservamos uma noite no primeiro hostel/riad da viagem, o Equity Point (11 euros a diária).

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Mas, peraí, albergue?!

Pelo que vi nas medinas, as construções são preservadas e para receber os turistas, os proprietários dos riads, as casas tradicionais marroquinas, fazem adaptações como colocar mais camas nos quartos e…só. Isso significa que todos os hóspedes usam um único banheiro (procurem riads que tenham banheiro dentro dos quartos!) e, na maioria das vezes, não há separação entre o chuveiro e o vaso e aí, já viu a desgraça, né? Tudo sujo e molhado.

A parte boa dos riads é que a arquitetura é belíssima e a área comum, sempre esse quadradão aberto no meio com árvores, fontes, mesinhas e etc, é bem confortável e propicia a conhecer os outros hóspedes mais facilmente. Quando o riad é bom, é uma delícia ficar lá deitado durante a tarde, se refrescando do calorão que faz no país.

Bom, o atendente da recepção foi super grosso e cagou pra gente quando chegamos – mesmo quando contamos o que passamos para chegar lá –  e o quarto era bem apertado para oito pessoas, mas talvez daria uma segunda chance, já que o Equity Point é uma rede de albergues espalhados por alguns países e o que ficamos em Barcelona era bem legal. Além disso, nós não chegamos nem a aproveitar porque só ficamos uma noite, mas acredito que a experiência não seria tão ruim assim. Essa piscina iria fazer valer a pena! :B



Três dias depois, quando voltamos do tour, ficamos duas noites em um riad chamado La Casa del Sol (5 euros a diária). Esse, meus amigos, eu não recomendo a ninguém que não seja um viajante com um orçamento beeeeeem apertado e que não liga para nada. Eu já sabia que eu era chata exigente, mas nessa viagem, descobri que há sempre espaço para mais. Hahaha

 

O Marrocos é um país muito quente e depois de rodar umas duas horinhas na rua, sua cabeça já está doendo e seu corpo pedindo arrego, então, tudo o que você quer fazer é tomar um banho gelado e esticar as pernas antes de começar um outro passeio. O que esse segundo riad não oferecia.

Apesar de ter vários quartos, o prédio é bem estreito e abafado. O que aumenta essa sensação são os móveis velhos e empoeirados, além dos inúmeros tapetes e cobertores pesados que eles insistem em colocar em todos os cantos, mesmo num calor de 40 graus: no chão, nas janelas, nos sofás. É assim por todo o Marrocos. :/

Havia dois banheiros comuns no térreo, os dois imundos. A cozinha imunda e desorganizada também. Tudo no riad é feito de pequenos lindos azulejos e mármores, o que deve dificultar bastante a limpeza, mas vamos tentar, né, galera? A única coisa boa era a simpatia do atendente que eu acho que ele usava para tentar minimizar o fato do ar-condicionado e os chuveiros não funcionarem direito. ¬¬

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Crepes, bolinhos, pães e…azeite e azeitonas!

O último riad que ficamos, já na medina de Fez, ao norte do país, foi o que oferecia esse café-da-manhã riquíssimo aí em cima incluído na diária de 9 euros, se não me engano. O Riad Louna mais parecia um hotel, já que ficamos em um quarto só para os três. As camas eram boas e espaçosas, o banheiro era limpo e a água do chuveiro caía forte, sem pingar. ERA PRA GLORIFICAR DE PÉ, SENHOR!

O atendente também era uma simpatia. Eu digo “o atendente” porque, nos outros hostels espalhados pelo mundo, o staff sempre muda e você fica em contato com vários funcionários. No Marrocos não, do início ao fim, só vimos a mesma pessoa trabalhando lá, dia e noite, e sempre com o nome de Mohammed. Sim, os homens tem sempre o nome do Rei do Marrocos e quando são mais criativos, se chamam Omar. Veja a seguir:

Como aprendemos – da pior maneira – a lição em Marrakech, antes de chegarmos em Fez, agendamos um transfer diretamente com o Mohammed do riad. Quando chegamos na estação de trem, o Mohammed-taxista já esperava pela gente, que nos levou ao Mohammed-atendente em uma das entradas da medina. Mohammed II (ou seria I?) não só nos levou alegremente até o riad, como também carregou a minha mochila para passarmos os últimos dias no país mais diferente que já conheci até agora.

Outra opção de riad é o Waka Waka. Conhecemos várias pessoas que se hospedaram lá e gostaram muito. Se um dia, voltar a Marrakech, com certeza, irei experimentar ficar lá.

2 comentários em “Hospedagem no Marrocos: Não são hostels, são riads.”

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